Uma história de sucesso? Portugal e o PISA (2000-2018)

Grandes estudos internacionais, como o TIMSS, o PISA, o PIRLS ou o TALIS, tornaram-se, nos tempos de hoje, uma das principais tecnologias de governação nos campos da educação e formação. Nesse conjunto de estudos, o PISA é, seguramente, o que maior influência exerce junto dos decisores políticos, dos gestores escolares ou dos media. Existe uma vasta literatura crítica internacional (e.g. Carnoy, 2015; Meyer & Benavot, 2013; Pereyra, Kottoff & Cohen, 2011) que tem questionado esta dimensão de ‘governação global’. Os trabalhos sobre a participação de Portugal nesses estudos, em particular no PISA, são poucos e muito restritos nos seus campos de abordagem (e.g. projecto KNOWNandPOL; CNE, 2010, 2013).

Portugal participa no PISA desde o seu primeiro ciclo em 2000. Sendo um país da (semi)periferia europeia que realizou uma muito tardia expansão da escola de massas (Teodoro, 2001), Portugal apresentou em todos os ciclos em que participou até 2012 resultados abaixo da média da OCDE. Em 2015, os resultados ultrapassam essa média nos três domínios analisados (Literacias Científica, Matemática e de Leitura) e Portugal passa a ser apresentado pela OCDE como um “caso de sucesso” no contexto dos países europeus (e desenvolvidos), com uma consistente subida desde 2006 (OECD, 2016).

Este projeto de investigação, que decorreu entre setembro de 2018 e março de 2022, analisou todos os ciclos da participação de Portugal no PISA (e, secundariamente, de outros estudos internacionais em que o País participou), comparando os processos adotados na recolha dos dados.  O problema central formulado de uma forma direta foi: quais são as implicações implícitas e explícitas da participação de Portugal no PISA, ou, dito de outro modo, como diferentes atores nacionais (policy-makers, gestores escolares, professores e seus sindicatos, associativismo parental, media) se apropriaram do processo e incluíram os resultados dessa participação nos discursos, nas políticas públicas e nas práticas profissionais?

Projeto de investigação financiado pela FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia (PTDC/CED-EDG/30084/2017).